A história que contarei aconteceu em Motuca, no início do século passado. Osvaldo Silveira (nome fictício), homem direito e respeitado da época, destemido, que quando provocado partia para a briga, sempre acompanhado de sua espingarda, resolveu certo dia caminhar na beira do rio Mogi-Guaçu.
Gostava de apreciar as correntezas. Distraía-se ao observar a fauna e a flora do local. Depois de muito andar, de relance, avistou um homem de barba, com chapéu de palha na cabeça e uma velha espingarda na mão. O forasteiro, após um sisudo cumprimento, perguntou: Você sabe com quem está falando? Sem aguardar a resposta, o estranho mesmo respondeu:
- Está falando com o famoso Dioguinho!!!
Para quem não sabe, a fama de Dioguinho só não ultrapassa a de Lampião. Nasceu em Botucatu e exerceu por longo tempo a profissão de engenheiro, sem diploma, na região de São Simão e Dois Córregos. Assassino por natureza, matou muita gente, por rixa própria ou por encomenda. Não ia preso, pois era protegido pelos coronéis do café. Só foi morrer por iniciativa do governo, que estava cansado dos problemas que causava. Atuava principalmente nas margens do rio Mogi-Guaçu. Certa feita, passou por Motuca, quando por força do destino encontrou Silveira. O motuquense, ao descobrir quem era o forasteiro, respondeu de imediato:
- E você está falando com o famoso Osvaldo Silveira!!! – e logo depois saiu no pinote.