top of page
Foto do escritorGabriela Marques

O legado de amor aos animais

Com o ensinamento da mãe, a saudosa Dete, Érica enfrenta desafios para cuidar dos animais abandonados e busca conscientizar a população sobre a importância do bem-estar animal.

“Foi minha mãe quem me ensinou a importância de ajudar aqueles que não têm voz"

Por Gabriela Marques


Desde pequena, Érica de Mello Falvo já demonstrava forte compaixão pelos animais. “Lembro de ficar brava e sair correndo atrás de meninos que estavam com gaiolas para prender passarinhos. Também me recordo de uma vez em que uma amiga jogou sal em um sapo, e eu, aflita, saí gritando com ela e peguei um balde de água para socorrê-lo”, recorda, com a mesma sensibilidade que, ao longo dos anos, a conduziria para o caminho da proteção animal.


Leia também:


Essa compaixão cresceu ainda mais em Érica ao observar sua mãe, Claudete de Mello Falvo, a Dete, dedicando-se incansavelmente aos animais abandonados. Dentre suas principais lembranças, estão as vezes em que via sua mãe saindo com ração ou água para alimentar algum bichinho faminto, as inúmeras idas ao veterinário e até momentos em que Dete doava toda a sua aposentadoria para a causa. “Foi minha mãe quem me ensinou a importância de ajudar aqueles que não têm voz, que são totalmente indefesos e dependem dos seres humanos”. 

Dete ao lado do neto Guilherme e do marido Debo. Foto: acervo pessoal
A ativista com um dos seus animais. Foto: acervo

Dete é uma das precursoras da causa animal em Motuca. Seu legado é tão significativo que seu nome batiza a Clínica Municipal de Animais, inaugurada em dezembro de 2019. Hoje, Érica dá continuidade a esse legado. “Já entrei no meio do mato para resgatar animais, já cheguei a ligar para uma pessoa fingindo ser de um órgão de proteção e dizendo que, se ela não soltasse o cachorro da corrente, eu a denunciaria. Mas nada é mais desafiador do que fazer com que as pessoas entendam que ali existe uma vida, um ser que sente dor, fome, tristeza e que precisa de amor e cuidado", desabafa.

 

Casos 

Dentre os inúmeros animais que já ajudou, Érica recorda o caso de um filhote de cachorro que, desesperado, parecia buscar ajuda ao seguir uma mulher pela rua. "Ele ficou no portão da casa dela e eu achei que ela iria acolhê-lo, mas o dia passou e o filhotinho continuou lá, esperando para entrar. Passei por lá várias vezes e, no fim do dia, decidi levá-lo para casa," conta. Ela deu banho no filhote, tratou-o com remédios e o anunciou para adoção. Felizmente, ele foi adotado por uma pessoa amorosa e teve seu final feliz.


Apesar dos abandonos frequentes em Motuca, as situações mais difíceis com que Érica se depara envolvem tutores que, sem o devido compromisso, adotam animais sem perceber que eles precisam de cuidados. “Eles acabam se ‘cansando’ dos bichos e deixando toda a responsabilidade, que deveria ser deles, para os protetores,” lamenta.

 

Desamparo 

Érica reforça que não há apoio suficiente da Prefeitura Municipal de Motuca, que construiu a clínica de animais, mas que não tem sido realmente utilizada. “Houve algumas campanhas de castração – o que ajudou, mas não resolveu, pois essas ações precisam ser contínuas e não esporádicas. Precisamos usar mais aquele espaço para internação e contar com um veterinário fixo. Hoje, temos que sair da cidade para conseguir atendimento, o que torna tudo ainda mais difícil”, ressalta.


Atualmente, Érica observa que a situação dos animais em Motuca é complicada, com cada vez mais abandonos, donos que não cuidam de seus animais, cadelas prenhas e, consequentemente, filhotes que correm o risco de serem abandonados. “Precisamos de campanhas para conscientizar a população e de mais apoio para acabar com esses problemas,” reforça.

Comentários


bottom of page