A fé acompanhou a vida do Padre Benedicto Firmando da Silva desde a infância. A atuação religiosa, no entanto, iniciou-se por volta de 40 anos, logo após o falecimento da esposa, em 1988. Também foi influenciado pelo pai, fundador da irmandade São Benedito, em Araraquara. Possuidor de dom transformador por muitos fieis, ele revelou uma visão que o despertou para a vocação sacerdotal. "Em uma tarde eu estava no meio da roça. Foi quando senti algo bem forte, senti que estava tendo uma visão. Eu estava numa casa e lá dentro havia um senhor, com umas vestes diferentes das nossas e eu senti que queria estar naquele meio. Depois tudo se apagou. Dali para frente a minha vida começou a mudar. Eu senti que a minha fé e meu interesse pela igreja aumentavam mais, até que entrei para a turma dos marianos e fui aprofundando meus estudos".
Leia a entrevista completa concedida ao Jornal Cenário em 2013:
Quando surgiu a vocação para o Sr. atuar na vida sacerdotal?
Meu pai sempre foi religioso. Em Araraquara foi fundador da irmandade de São Benedito. Isso já foi um grande incentivo para mim, mas minha vocação para o sacerdócio surgiu num momento que eu me lembro até hoje. Em uma tarde eu estava no meio da roça. Foi quando senti algo bem forte, senti que estava tendo uma visão. Eu estava numa casa e lá dentro havia um senhor, com umas vestes diferentes das nossas e eu senti que queria estar naquele meio. Depois tudo se apagou. Dali para frente a minha vida começou a mudar. Eu senti que a minha fé e meu interesse pela igreja aumentavam mais, até que entrei para a turma dos marianos e fui aprofundando meus estudos.
Como a igreja observa o fato do padre ser viúvo?
Para uma pessoa exercer o sacerdócio ela não deve ter ninguém dependente, não deve ter outros compromissos e deve estar totalmente disposto para a igreja. Como sou viúvo, a igreja aceita.
Qual a idade do senhor quando ingressou na vida religiosa?
Com 11 anos eu já participava da vida da comunidade, queria saber mais, tinha muita fé. Agora eu só entrei de fato mesmo na vida religiosa quando tinha pouco mais de 40 anos, quando minha esposa faleceu, em 1988. Logo após a perda, fiquei por um tempo morando com minha irmã e, em 1994, entrei no seminário.
Como Motuca surgiu na vida do senhor?
O meu primeiro trabalho de seminarista foi na comunidade de Boa Esperança do Sul e na vizinha Trabiju, cidades próximas de Araraquara, onde permaneci por quatro anos. Depois, virei diácono e ali mesmo cheguei ao sacerdócio. Em dezembro de 2001, o padre que estava em Motuca foi para Santa Catarina e o bispo me passou para cá, pois considerou importante o trabalho que eu estava fazendo em Trabiju e pediu que eu viesse fazer aqui também.
Padre, como analisa sua atuação neste período em que está em Motuca?
Quando cheguei, observei que o povo não frequentava muito a igreja. Uma boa parte estava espalhada ou não se interessava em participar, então tive que fazer um trabalho corpo a corpo. A primeira coisa que fiz foi ficar 30 dias em oração. Fazia algumas visitas, conversava com todos sem distinção. A grande resposta de Deus foi que o povo começou a voltar. Hoje a igreja está sempre cheia. O pessoal vem, a espiritualidade do povo melhorou muito porque a gente conversa não só na missa, conversa também na rua, no dia a dia.
Como o senhor observa o papel da religião na vida das pessoas?
Esse é o assunto que mais me preocupa. Por meio da pastoral da família, estamos fazendo com que as famílias sosseguem mais, pensem mais. A conversa que o padre faz com o povo é a conversa de amigo para amigo. Faço perguntas para os fiéis responderem. Não tem importância se não souberem a resposta, pois é errando que se aprende e nada nem ninguém é perfeito. Perfeito só a obra de Deus.
Quais são as principais mensagens que passa em suas pregações?
A minha grande preocupação na pregação é que realmente o povo entenda o sentido das palavras. Sempre me pergunto: “será que o povo entendeu?”, “será que eu falei de uma forma simples?”, “será que entrou na mente e no coração de alguém?” Me sinto bem quando alguém vem e me diz que eu falei aquilo que precisava ouvir. Eu digo a ele: ”Que bom! Agora, você pega essas palavras e leve adiante”. .
Como observa a participação dos negros na igreja?
Na diocese existem umas dez pessoas negras. Quando entrei no seminário não houve preconceito nenhum por causa da minha cor. O que causava estranheza era o fato de já ter mais de 40 anos, ser o mais velho da turma e ser viúvo. Eles falavam entre si, “E agora? Nós vamos chamar ele do que, de senhor ou de você?”.
Quais os principais problemas da sociedade que observa e como a religião pode ajudar a solucioná-los?
Observo sérios problemas na sociedade em geral. Embora a igreja apresente muitas coisas para ajudar, mesmo assim ela está andando muito devagar na evangelização. Vejo isso na hora em que as pessoas vêm me pedir conselhos ou ajuda. Peço para minha secretária tomar nota das pessoas que forem aparecendo com problemas e encaminhá-las para a pastoral da família. Sendo eu o responsável por essa Paróquia, o que eu tenho que fazer é trabalhar pela evangelização, pelas coisas que a igreja pede para cada um de nós. Aqui, por exemplo, está sendo feito esse esforço. Não vou dizer que está 100 %, mas o pouco que se faz a gente realmente vê
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