“Hoje a gente consegue dar autonomia e qualidade de vida”, diz Rita, mãe de Giovana
- Redação
- 7 de abr.
- 3 min de leitura

“A gente tem o direito de não querer, mas tem o dia seguinte. E o outro... e o outro... E o que você deve fazer? Você tem que lutar”.
Com essa mensagem de resiliência, Rita de Cássia Araújo, mãe de Giovana Araújo, demonstrou a necessidade de pais e responsáveis buscarem todos os meios em prol dos filhos neurodivergentes. Ela compartilhou sua jornada desde o diagnóstico de autismo da filha e as dificuldades que encontrou no "Abril Azul", Campanha Municipal de Conscientização do Autismo e Neurodiversidade realizada na quarta (2).
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"Com três meses, já estávamos numa sala com um psiquiatra infantil", recorda Rita, sobre os primeiros sinais que levaram à busca por avaliação profissional. A expectativa inicial era de que não houvesse grandes preocupações, mas a realidade se mostrou diferente
"O médico me disse: 'Sua filha é autista. Ela não vai andar, não vai falar, não vai ter contato visual. E aqui no município, a gente não tem tratamento. Procure uma ONG e veja o que você faz'. Foi assim que recebi o laudo da minha filha", relatou.
Apesar do impacto inicial, Rita se recusou a aceitar um futuro limitado para a filha. Buscou informações, tratamentos e apoio, e se tornou uma defensora incansável dos direitos de filha.
Ela também mencionou dificuldades encontradas quando morou em Motuca. "Há dez anos não se falava de autismo por aqui. Não se falava de terapia, de método ABA, de estimulação precoce... de acompanhante terapêutico", disse.
Rita ressaltou a importância de aceitar o autismo como uma condição permanente, com traços característicos. Destacou que, embora a "cura" não seja o objetivo, é possível promover a autonomia e aqualidade de vida.
"Giovanna começou a formar frases com sentido só depois de ser alfatezada. Percebi que não era eu quem tinha que ensiná-la a falar. O caminho dela, o caminho que o autismo a levou, foi a alfabetização. Porque, embora muitas pessoas com autismo enfrentem dificuldades na interação social, elas geralmente possuem uma capacidade de concentração muito maior."
Rita também enfatizou a importância da continuidade do apoio e capacitação para pessoas com autismo da infância à vida adulta. "E quando eles passam dos 30 anos, acabou? Não, gente! Aí é que precisa do cuidado, pois podemos não mais estar aqui", comentou ela, para em seguida mencionar exemplo de projeto da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Araraquara com a empresa têxtil Lupo. "Lá dentro da Apae tem um polo de trabalho que é mantido pela Lupo. A Apae dá o treinamento de 1 ano pra essas pessoas. E aí, a Lupo contrata".
O evento foi marcado por um momento emocionante: o reencontro inesperado com a primeira professora de Giovana, que compareceu de surpresa. "A Jaque foi, e ainda é, essencial na nossa vida." Com essas palavras, Rita de Cássia expressou sua profunda gratidão à professora Jaqueline Capel, destacando o papel fundamental que desempenhou no desenvolvimento de sua filha.
Jaqueline, que lecionou para Giovana em Motuca, foi descrita por Rita como "muito especial" e uma figura de grande importância para toda a família. "Ela foi essencial na história da Giovana", acentuou. A mãe relembrou os desafios enfrentados no início da jornada, quando a filha era não verbal, não tinha contato visual e ainda usava fralda. "A Jaque pegou um a abacaxizão", brincou ela.
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